quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Os eternos cansados

Por que algumas pessoas adoram dizer que estão cansadas.


Muitas pessoas adoram dizer que estão trabalhando demais, que estão cansadas, sem tempo para nada, sequer para almoçar. Por que será? Por que será que algumas pessoas adoram se mostrar aos outros como sobrecarregadas, legítimas escravas da vida? Será que essas pessoas realmente estão tão sobrecarregadas, ou mais importante, será que elas realmente precisam fazer tantas coisas ao mesmo tempo? Parece que a resposta é não. Hoje em dia a vida é diferente do que era na época de nossos avôs, temos mais opções, mais oportunidades, mais informação, mas não necessariamente, mais obrigações. Aliás, o mundo moderno nos dá muito mais artefatos que facilitam enormemente a vida.

Vamos pensar do começo do dia: hoje não precisamos mais fazer o pão, o bolo, o queijo e tirar o leite. Todo o café da manhã vem pronto, pão, bolo, biscoitos, leite, queijo e presunto estão disponíveis no supermercado ou padaria mais próxima. O máximo do trabalho é, para quem quer pão fresco ou não quer ter o trabalho de descongelar, ir à padaria. Daí, vamos para o trabalho, de carro, ônibus ou metrô. Não é mais necessário andar léguas a pé. A maior parte do trabalho também não é mais braçal. A tecnologia faz sua parte, mesmo no campo. As crianças vão para a escola de especial ou de carro. A hora do almoço repete o café da manhã, assim como o jantar, na praticidade. O trabalho ocupa a maior parte do dia, como sempre ocupou. As crianças precisam mesmo fazer tantas aulas extras? É realmente obrigatório correr de lá para cá, com pouco espaço de folga entre uma coisa e outra? Precisamos fazer tanto? Não.

Como levamos a vida é, essencialmente, uma série de escolhas. Escolhemos todos os dias e todas as horas o que vamos fazer. O problema é não escolher bem, não deixar espaço para o descanso, para o ficar à toa. Precisamos escolher o que é realmente importante, o que é preciso fazer e o que pode ser relegado a segundo plano ou ao dia seguinte.

Algumas, ou muitas pessoas adoram se fazer de vítimas, de sofredoras, como se as coisas que elas fazem não fossem resultado de escolhas. Essas pessoas gostam de ficar no lugar da criança que precisa ser cuidada, protegida, perdoada e, principalmente, amada. Elas se colocam diante da vida como se viver fosse uma luta cotidiana, claro que não podemos esquecer que para muitos a vida realmente é cruel, mas isso não acontece com todos. Mesmo com parcos recursos, viver é, e deve ser, um desfrute. Temos que fazer tudo para aproveitar, curtir a vida, e não para sofrer. De sofrimento já bastam os inexoráveis. Quanto ao resto, cabe a cada um fazer sua vida ser o melhor possível, o menos sofrido, o menos angustiante e não ansiogênico. Quando alguém ao seu lado começar a reclamar do excesso de tarefas, pergunte-lhe se é realmente necessário ou se isso é mais uma forma de chamar a atenção.

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